INDIFERENTE
Deuses estranhos cantam ao meu lado,
tocam suas liras e recitam versos,
dançam minuetos, enfeitam tablados,
esculpem mundos, pintam universos.
Mas há demônios cheios de recatos:
graves presenças de moralidade,
bradando pelos templos das cidades
suas leis inúteis, seus discursos chatos.
E esta poesia ingênua e singela -
eterna fé nos sonhos e nas asas
dos corações loucos das almas belas -
bate insistente nas portas das casas,
sopra nas avenidas e vielas
e, alheia a tudo, arde, queima, abrasa.
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