domingo, 28 de setembro de 2014

DOLOSO


Será que nos reservam um momento
os deuses dos amores proibidos?
Será que nossa história ficará
resumida a desejos reprimidos?

Quando as palavras, enfim, calarão
em nossos lábios trêmulos, febris?
Será que um dia tudo que se diz
será real - volúpia, ardor, paixão?

Nossas vidas não se cruzaram à toa.
Não foi por acaso que teu olhar
com meu olhar um dia se encontrou.

Nem será sem querer que nossas bocas,
oportunamente, irão se tocar
e realizar tudo que se sonhou.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

QUADRINHAS Nº 1


Queria que me deixasses
pitadas do teu olhar,
para o meu rosto sorrir
e meu coração sonhar.

QUADRINHAS Nº 2


Olhares vagam aflitos,
olhares buscam porquês.
Em teus olhos tão bonitos
minhas razões pra viver.

QUADRINHAS Nº 3



Onde estão teus lindos olhos
que ataram meu coração?
Por causa destes teus olhos,
meus olhos sem direção.

QUADRINHAS Nº 4


Em teus olhos cabe a aurora
de um dia de verão:
cheio de brilho e luz...
Cheia de sedução...

QUADRINHAS Nº 5


Teus olhos roubei da noite
por causa dessa poesia.
Morremos na madrugada.
Não vimos a luz do dia.

domingo, 21 de setembro de 2014

INDIFERENTE


Deuses estranhos cantam ao meu lado,
tocam suas liras e recitam versos,
dançam minuetos, enfeitam tablados,
esculpem mundos, pintam universos.

Mas há demônios cheios de recatos:
graves presenças de moralidade,
bradando pelos templos das cidades
suas leis inúteis, seus discursos chatos.

E esta poesia ingênua e singela -
eterna fé nos sonhos e nas asas
dos corações loucos das almas belas -

bate insistente nas portas das casas,
sopra nas avenidas e vielas
e, alheia a tudo, arde, queima, abrasa.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

PRIMEIRO ATO DE CULPA


Ontem as palavras se acabaram...
e a noite tornou-se mais noite, mais turva.
Um quase frio roçou os braços daquele momento
e, densa, a madrugada suspirou ofegante:
um perfume se revelando como luz...
Ontem as bocas foram um silêncio tiritante
e houve diálogos, juras, clamores, gritos...
flutuando pela penumbra, aprisionados.

Ontem: um medo indomável.

Hoje: uma alma contrita.