terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quinta-feira


uma visita breve e silenciosa
uma presença que traz inquietude
uma moral e nenhuma atitude
um medo pálido e uma dor ansiosa

um pulsar sufocado neste peito
uma conduta uma pedagogia
um gesto incerto e um olhar sem jeito
tons opacos da minha covardia

vens com a chuva e com ela te vais
deixas apenas perfumes discretos
pairando na manhã de primavera

olhos perdidos coração inquieto
mas revestido de profunda paz
a paz dos dias serenos da espera

sábado, 18 de setembro de 2010

Entardecer



e como foram belas estas horas
e aconchegantes foram as palavras
e agonizante foi a despedida
e indecisos os passos pra ir embora

e como foram geladas as ruas
e como foram estranhos os rostos
e como amargo foi sentir o gosto
de outra boca que não foi a tua

um só momento que uniu nossas mãos
e um só olhar que nos pôs frente a frente
já bastam pra construir uma história

pois mais que o tempo que nos faz presentes
é quão intenso pulsa o coração
pra não deixar-te sair da memória



terça-feira, 15 de junho de 2010

Soneto Novo

nos descaminhos desta fantasia
nos arrebóis e nos entardeceres
voam-me o juízo, a calma, a lucidez
porque me visto todo em rebeldia

e neste jovem tempo permaneço
por não querer os tons graves da idade
por preferir brincar com a liberdade
a defender morais que nem conheço

as velhas almas perderam as cores
por não acreditarem que um sorriso
vá demover do mundo estes horrores

que elas mesmas plantaram sem aviso
e porque outrora mataram as flores
aqui renascerá meu paraíso