sexta-feira, 30 de maio de 2014

SALA DE VISITAS


E se esse amor chegar inesperado, inusitado?
E se chegar, repentino e indiscreto, como uma enxurrada, como um terremoto: sacudindo as estruturas, sem dar tempo para reações ou protestos?
E se, mesmo ansiosos por sua chegada, ele nos deixar sem ação? 
Se ele nos desarmar com a primeira lufada de sua
presença em nosso peito?
Se esse amor for azul, ou rosa, ou verde? E se ele for
jovem demais? Ou velho demais? Se ele for iletrado... se
for poeta... e se for punk?
E se, por acaso, ele nos vier dizer verdades que não
queremos ouvir? E se ele nos disser mentiras que nos
satisfaçam? E se ele nos trouxer culpas? Se nos tranquilizar e nos acomodar?
Se esse amor vier virtual, ou em sonhos, ou em uma
estação: já de partida a olhar pela janela pra nunca mais voltar? 
E se não for pra nunca mais?
E se esse amor não chegar assim tão repentino? E se já
tiver chegado, discreto e, igualmente, inusitado? E se,
taciturno, já nos tiver olhado nos olhos e nos dito verdades ou mentiras ou poemas ou bobagens? Se, laconicamente silencioso, ele já nos tiver desarmado?

E se esse amor já for real? E se já for eterno?

Nenhum comentário:

Postar um comentário